sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

A minha mãe


Há de sentir, ó mãe dos meus suspiros!
Que existe uma ruptura no meu seio
Perdi minha sede, ó Deus como é tarde!
Consertar meus ais e meus devaneios!

A flor dorme exposta a chuva e ao vento
As pétalas são levadas no frio da noite
Vem uma chuva, é meu triste açoite
Acusar-me pelo meu afio pensamento!

É impuro o pulsar de um coração inapto
Que pena causa-nos a face tão chorosa
Por que de ti, ó espinhosa vil feia rosa,
Colhi teus espinhos nas lágrimas do rosto

Vamos filho já se faz tarde e a bela campina,
Chama meu corpo a repousar dormindo,
Vem querido, olha o que vem surgindo...
A devastação de um sonho meigo de menina!

Ergo minha voz a um imenso nível profundo:
Acorda mãe! Acorda porque tenho fome...!
Maldito me foi o mundo e sempre infame,
Desperta mãe e que abismo separa o mundo?

Já vai cedo? Permanece a minha sombra
Não vês que a saudade já me devora
Por favor, não se vá tão cedo senhora,
O martírio deste pesadelo me assombra!

Desce o teu véu e beija-me meu molhado rosto,
Não te esconda, fugindo do meu doce amor.
Senhora! Diva ! Amo-te e não deixe a dor,
O fruto do pensar do meu pensamento imuto!

Como caminham meus ecos angustiantes.
Gritos lancinantes que voam ao vento.
Acorda poeta frio que chora ao relento,
Morreu e não retornam amores dormentes!

Ah! Que suavidade é a expressão do teu rosto.
Tua face permanece no meu seio sem alento.
Morreu a flor que alimentava meu sustento,
Descansa no túmulo do meu triste pensamento

Que suavidade! Que magnífico é teu aroma!
Alimentaste-me com teu doce seco leite,
Ascendeste a minha sina e meu deleite,
Foi amar-te! A minha sina pega-a e toma!

Escondem na noite as visões profanas.
Meu íntimo é uma cova sem nome.
Ergo-me! Olho o fantasma que some,
Mas retorna, aclamando pelo o nome!

Quantas dores permanecem recônditas!
No sofrido coração que tanto ama.
Que covil! Que vil! Quem me chama!
Serpentes venenosas! Quem me afronta?

Lá vem o lúgubre me assustar a alma.
Terrível ser que ainda me sustenta.
Vem e devagar silenciosamente entra,
Explora a fraqueza, roubando a calma!

Que visões são estas que me entristece.
A um grau extasiado de amargura.
Onde está a minha triste sepultura?
Que malbaratadas teias meu seio tece!

Foi-te com o semblante tão entristecido,
Já não há mais a emoção que me ilumina.
O velho peito que agora ruge e assassina.
O sonho que permanece só e adormecido!

Ah! Como dorme na campa a flor solitária!
A suspirar melancólica e só nesta vida.
Há uma nódoa de lágrima fria despendida,
Da pétala que agora chora no meu vazio.

Não te isole, ó cântico da minha alvorada!
Sempre será aos meus olhos atrativos.
Meus sentimentos são teus e cativos,
Exalará seus odores pela a tua suave vida!

Tão grande é a solidão da campa fria!
Não há vida que suspira nesta montanha!
Tudo aqui é bem insensato e estranho,
O vento traz aroma da triste melancolia!

Como arde e queima esse sentimento!
Corre silenciosamente atroz no vento!
Só há dor, tristeza, medo e lamento.
Uma lascívia habitando e efervescendo!

Tão imenso é esse passear na gente.
A nódoa de dor e descontentamento.
Diga-me o que é esse sentimento?
Maltratando o coração frio e inocente!

Meus sonhos se perderam metrapilhos.
Matando o interior que sempre ausente.
Perdeu-se no joio a ingénua semente,
Sufocada morreu entre feios espinhos!

E subo a montanha da minha triste dor.
Meu Deus! Eu sou quem? Quem sou?
Onde permaneço e fico! Onde estou?
Quem de mim roubou, matou meu amor?

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