sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Amor silencioso


Sabe tu que sob o céu e sobre a terra permanecem ineptos, deitados sobre uma areia escaldante os sonhos recônditos de um coração, que,apesar de bater e sentir emoções, vive absorto, olhando o além de uma odisseia sem volta...! Sabe tu que no mais íntimo dos corações,guardados, ocultos de olhares curiosos, segredos que até a própria alma duvidas...! E tu sabes que no fundo de um olhar, às vezes, a maioria das vezes, resplandecem palavras que ao olho nu nunca se consegue decifrar...! E tu sabes ainda que durante todo o pensar de uma doce consciência sempre habita um ser supremo, no qual é dona das nossas emoções...! Que monumento está situado diante dos teus olhos! Uma obra-prima que tento deslaçar, pois às vezes sinto até vergonha de expressar...! E tu és capaz de subir ao alto, dirigir a tua vista e tentar decifrar o que existe do outro lado da minha imaginação...! Poderias tu dirigir além da eternidade, rebuscar na alma que ao longe sussurra e murmura frases que ouvidos humanos não serão capazes de distinguir...! Ah...! Tu poderias sim, e como podes...! Criar e recriar um som, e, através deste som, poderias tu seguir uma trilha, uma vereda porque assim sendo, tu descobrirá segredos que aos teus olhos e coração desconhecem....!E os meus segredos...! Posso compartilhar contigo...! Posso arrancar da minha alma coisas que aos teus ouvidos soam indiferentes...! Que me adiantaria saquear do céu às estrelas, se tu não as receberias como presente...! Como poderia eu roubar o ar, o fogo e o tempo, se tu ignoraria a minha destreza e ousadia...! Que poderia eu fazer para tentar arrancar de ti uma expressão de suavidade da tua face...! Eu sei cara amiga, o meu destino, ou sina, pois assim é mais poético e gostam os poetas de usar tal expressão. É permanecer fitando, olhando um nítido céu azul, mas tenho medo que esse mesmo céu descampe-se sobre a fragilidade das minhas ilusões...! E agora, o que faço eu para esquecer a minha primeira anónima...! A que tens os olhos de ressaca, oblíquo e dissimulado...! Como faço para tentar extrair o fogo que ferve no meu interior...! Ardo e gemo nesta minha eloquência desvairada...! Observo o correr desforrado de um gélido ar que percorre um caminho solitário...! Tento erguer-me e de soslaio, fito uma paisagem cândida e celeste, mas ao mesmo tempo, tenho medo de seguir avante, pois temo o que me espera no além...! Ah! Como poderia eu rebuscar um sentimento que a mim é proibido...! Como posso sorver as gotículas de risos da minha boca, se quando começo a ri, tremo e grito com medo que esse mesmo sentimento, (pobre coitado de mim...!) possa enraizar, efervescer e criar raízes que me deixará enormes marcas...! Levanto-me, e eis que os meus olhos sempre contemplam a tua paisagem...! Sempre visito o teu jardim, as vezes permaneço calado, apenas fitando teu semblante gracioso e belo, outras vezes, tento soluçar algo que aos meus ouvidos são incorrigíveis, mas ao meu coração, são palavras que emanam e têm sentidos exatos, cuja exatidão, é a expressão máxima de quem é humano, e de quem verdadeiramente ama e sente...! Mas aqui termina a minha principal narrativa, não o conteúdo em si, pois esse habitará e sempre florescerá quando a matutina brisa entrar pela a fresta do meu coração e permanecer, ainda que seja por leves minutos, ela ardentemente me trará de ti saudosas lembranças...! E eis minha cara que também começará a gradual renovação de um novo homem, do seu trânsito progressivo de um novo sentimento para uma nova afeição. Sei que nada me será dado gratuitamente e que para isso, tenho sim que fazer uma grande façanha futura para encobrir o meu temor presente. E como sempre diz o poeta: "Que a paz me venha breve e que seja longa a minha espera, e se, pelo menos puder respirar meu coração, exalando o último prenúncio de um amor, pelo menos viverei com a certeza que
sorverei, ainda que seja breve, os ténues dissabores
de uma espera infinita ,no qual aos meus olhos apenas restará: lágrimas e saudades...!”

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