sábado, 14 de agosto de 2010

NÃO SE MATA COVARDE





>> NÃO SE MATA COVARDE <<


- Trouxe...? – Perguntei-lhe já assentado na beira do cai do rio que corria silenciosamente com as suas águas turvas. O concreto duro que eu permanecia sentado era quente e fazia suar a minha calça jean que havia comprado um dia antes da minha amargura.
- Sim...! Disse ela me mostrando um embrulho com um papel surrado e manchado por tanto manusear as suas mãos.
Olhei-a e pude perceber que tremia. Achei que tivesse bebido alguma dose de álcool. Os seus lábios estavam ressecados. No canto inferior direito do seu lábio, uma pequena mancha do seu batom avermelhado, já desgastado pela a sua saliva que grossa naquele momento, se engasgara quando falei.
- Estar pronta?
Ele me olhou com os seus olhos onde começaram lacrimejar lágrimas. Pude perceber que apertava os seus lindos e brancos dentes contra os seus lábios, ora o inferior, ora o superior, deixando neles uma profunda marca de dentes começando assim a sangrar. Passou o dorso da sua mão na boca, olhou-me e saudosamente perguntou:
- É preciso fazer isso? Não tem como buscar outra solução para o teu caso?
Olhei-a de novo para o seu semblante que permanecia diante de mim, onde eu já podia perceber o medo a tomar conta do seu coração. Virei-me, baixando a minha cabeça, olhando a água do rio que corria. Por um momento pensei em desistir, mas o silêncio das águas turvas que corriam muito me encorajou. Fechei os meus olhos e revivi em questão de segundo toda uma vida que perdida, não sabia buscar solução. Pensei: Aqui será bom porque assim como o meu corpo é putrificado pelos os males do mundo, eis que a água suja não se importará de levar sobre elas o sangue pegajoso de uma criatura.
- Tudo bem, pode fazer o favor...!
Senti na minha nuca o frio daquele metal...! A verdade eu estava com medo. Eu não queria viver, mas também não queria morrer. Perguntei:
- É uma sete meia cinco?
- Sim! Faz diferença, vai morrer mesmo...! – Respondeu ela com a sua voz tremula e sem vida.
Não fazia diferença...! O propósito da minha pergunta era que um dia conheci uma 765 e muito me apaixonara por ela. Sempre achei linda com o seu belo pente, onde se alojava o chumbo que poderia roubar uma vida. Teve época que eu quisera possui uma, mas tinha medo da minha inconstância pela a minha vida.
Eu senti naquele momento já pressentia um cheiro futrico de sangue a se misturar no perfume que sairia do corpo da minha executora. Por um momento pensei em desistir e lutar pela a minha existência. Mas, o som do meu desespero e a angústia dos meus dias fortalece a minha vontade, e por fim, disse-lhe:
- Pode apertar o gatinho e...
O tiro sou seco! Senti algo que caia na minha cabeça e começou a escorrer pelo o meu rosto, sentindo assim a minha língua o gosto do sal que se confugiu com o gosto também do sal das minhas lágrimas. De repente, vi apenas o vulto de um corpo que despencou do cais, de uma altura de mais ou menos vinte metros; caindo nas águas imundas do rio que corria silenciosamente. A arma caiu ao meu lado, enquanto percebi um pequeno papel ainda descer lentamente e cai a minha frente.
Pequei-o. Eram apenas quatro frases endereçadas a mim, onde se lia: “NÃO SE MATA COVARDE...!”
Permaneci olhando aquele corpo que seguia boiando para depois sumir naquelas águas profundas. Não entendi o porquê que a minha executora agira assim. Mas, ainda esta noite, assim que eu chegar a minha casa, trocar esta roupa suja de sangue, eu buscarei a causa do seu desespero...! E por um bom tempo fiquei naquele cais onde, respirei e voltei de novo para a vida...! Não se mata covarde...! Buscarei o que se oculta nestas frases porque, sempre as lembrarei de... E, pelo que já me consta agora, sinto um calafrio quando a minha memória ler as últimas quatro frases de um adágio da boca que se emudeceu e cujo segredo também eu não saberei...! Vamos à vida agora...!


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