quarta-feira, 14 de julho de 2010

SONETOS AVULSOS



--- SONETOS AVULSOS ---


Um dia deste, enquanto estava eu a ler

um bom livro, eis que a campainha da minha casa toca e lá fui atender. Era um belo moço amigo meu de longas datas. Crescemos praticamente juntos, sempre dividimos a mesma comida e procurávamos permanecer sempre junto um do outro. Pedi que entrasse e sentasse em um acolchoado sofá. Ele estava meio cabisbaixo e triste. Eu já sabia do que se tratava...! Olhei-lhe de cima abaixo e muito me entristeceu o seu semblante. Era um moço diferente na sua forma de amar, onde com a sua filosofia, na qual, diga-se de passagem, eu muito a admiro! Considera-o muito especial por alimentar em si a pureza que não pertencem a nós simples mortais! O amor que flui do seu interior é como se fosse o próprio universo, até parece que arrancaram o céu, terra e todas as vidas e o colocaram em seu espírito, mas naquele dia, com um cheiro de vinho e os lábios feridos pelo o apertar dos seus dentes ele estava diferente...!



- Só vim aqui para que me tire uma dúvida...! Será que estou a perder tudo aquilo de belo em mim, pois fui escrever e o meu coração, exposto a uma alma ferida, só me causou revoltas, fazendo assim que o atrito desta amargura com o meu amor me causasse dúvidas e pressentimentos...! Escrevi e pela a primeira vez não senti nos meus lábios o ardor da minha adolescência e nem o pulsar do meu sonho que tanto me satisfazem quando por eles chamo! Correu no meu interior um imenso pudor insensato e eu não quero ter em mim um espírito revoltado e sem esperança do singelo fruto que tanto sonho em todo o correr da minha vida...! Assim ele falou enquanto me estendia os seus escritos em papéis amarronzados e já sem cor. Estou prestes a enviar um belo escrito a ele, afinal, eu tenho que sorver dele a emancipada beleza genuína que o coração humano não tem, a não ser o dele, é claro...! Li e leri os versos do moço amigo meu, e o mais breve possível, vou convidá-lo a retornar à minha casa, porque vou lhe mostrar um espelho que sempre guardo no meu quarto, no qual, do seu interior, transpassa a real face do coração humano...! Não quero que mude a sua essência, apenas educá-lo para que no amanhã que se levantará, ele possam guardar uma réstia do belo amor do mundo...! Ou do seu mundo, sei lá...!



Condenastes-me, a insensata e vagabunda!

Roubando de mim os raios da eterna vida!

Já não vivo, triste e só e também esquecida!

Chora a alma tão tristonha com esta vida!


Já não há luz neste túnel imundo profundo!

Tudo já morreu e do peito a chama pura,

Evaporou-se e no meu seio o que abunda,

A imagem aflita de um fantasma imundo!


Arrancastes de mim o meu ultimo suspiro!

Desfolhou da minha sina o doce enlevo...!

Privou-me até do próprio ar que respiro!



E segue a pérfida ainda a me roubar o sono!

A marca do seu queixume no seio eu levo...!

Ainda rodeia para saquear meu doce sonho!




Adeus, ó cândido sonho inupto e malfadado!

Parto para um mundo novo e mais humano!

Pois nesta vida desumana não mais emano!

E neste vil teatro também não cairá o pano!


Sinto fluir no abismado peito a dor que mata!

Doente a alma estarrecida tem muito chorado

Ai de mim, o pobre coração ingênuo e coitado!

O caçador que tanto procura a paz e não acha!


Sinto a vida mascarada a cada dia que passa!

Sem atrativo e nesta ruptura dúvida infame!

Só ficaram as frias marcas daquela devassa!


E eu vivo neste fúnebre vazio sonho de fantasia

Por mais que eu levante a voz e por ela aclame,

Sofro em uma susceptível substância trimorfia!




Tu pedes para que eu te ame em segredo!

O coração que tanto ama também odeia,

A mão macia que tanto afaga e me rodeia,

É a mesma que em mim mete imenso medo!



A tua boca quando soa sempre me engana!

É a mesma que tanto me falou:” eu te amo...”

Jura o teu amor, mas some quando aclamo,

Maldito o poeta que tanto te amou Anna!



Teus olhos insensíveis também se levantam!

Esconde tua inocência no profano manto...!

Ocultos em ti os teus pecados te enganam!



Forma em mim a mentira que o coração emana

Das todas as flores do campo tu és a elipanto!

Repousa em ti um sorriso de gosto frio leviano!


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