sábado, 10 de julho de 2010

A PARTIDA


A CASA


---- A partida ----



E vi quando, entrando ali, exposto nos meus lábios, um tênue tédio de amargura olhou-me e pude perceber que a casa estava em ruína, entrei e vi a minha inocência a chorar e perguntar: -“ Por que passamos todo o inverno aqui, não foram dados a nós cobertores para aquecer a nossa pureza e o coração, na frieza do vento, já não consegue esconder o seu tremer...” Sim, era verdade...! Mas retornei para buscar aquilo que era meu e de direto! Ela tinha se fechado lá...! A minha inocência não mais poderia ficar exposta aquela casa que lhe negou abrigo. Negaram-se os primeiros fluxos e os frutos de um sorriso que tentava se abrir para o mundo e para a redenção da sua tristeza! Voltei aquela casa e já na via o meu prazer que tanto circulou pelos seus jardins. Vamos inocência porque hoje a nossa liberdade será comemorada e nenhuma cadeia aprisionará aquilo que renasceu e agora vive mais forte e doce na sua procura...! Vamos, porque a noite virá e temos que buscar o repouso do nosso olhar...!



Oh! Eis que mudo o teu ser que é constante!

A uma asquerosa cilada do teu semblante...!

Eu cresci e o mal que foi outrora tão grande!

Já não mais reluz como em mim se fazia antes!

Abandonei-te e agora seguirei neste levante...!

Mais forte! Mais bonito! Mais puro que criança!

Eis que no meu peito se levanta nova esperança,

Contigo quebro e não mais renovarei a aliança!

Gritará só quando a noção te fizer uma sabedora;

Da perca infinita do amigo e do seu doce epífora!

Seguirei esquecendo tuas paisagens errantes

Os teus milhões insensatos de perdidos amantes

Agora eu sou a bela luz que oscila no horizonte

Um novo ser que agora só quer seguir o seu avante...!



SONETO



Eu Retornei a esta casa de coisas vis e malbaratadas!

Relembrei o meu sótão, velhos sonhos abandonados!

Busquei no meu espírito, naufrágio do meu passado!

Revivi as velhas emoções no meu peito dilaceradas...!



Fiz e desfiz a construção do meu coração amargurado!

O velho saguão sentiu o eco dos meus próprios passos!

Ouvi um som lúgubre, mórbido nos convidativos laços!

Convidando-me ao retorno de um amor já sepultado...!



Nada mais me prende a esta casa onde eu chorava!

Sofri amargurado nas sensações de um mau advento,

Banhava o meu coração preso no cárcere algemado!



Retornei a minha casa e agora permaneço tão ciente:

Não quero mais os amores que do riso vem o vento,

Rouba-me a paz e o meu coração que se faz doente...!


"Eis que o meu espírito respira a nova paz, fazendo o seu borbulhar de alegres lágimas...!"

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