^~ A AMIGA ~^
Ouvi quando a porta se fechou e no piso da minha casa os apressados bater dos pés que corriam como asas sobre um desespero imenso. Aproximou-se, sentou-se ao meu lado, enquanto, com as mãos, segurando a minha cabeça eu permanecia inerte. Eu sabia que ela vinha ao cair das primeiras lágrimas. ”Chegou!” assim pensei e como uma criança assustado busque refúgio nos seus braços do meu medo e tristeza. Pude senti o calor humano a invadir minha alma. Fechei meus olhos enquanto meu coração pulsava cada vez mais, é como um pedido de socorro! Deixei que as lágrimas falassem o que eu estava sentindo naquela hora e quando, ela estendeu os seus braços de afagos, entreabrindo seus lábios molhados também de lagrimas, os meus disseram-lhe, gotejando em cada silaba o meu admirar que, naquele momento, se deliciavam diante da minha eterna e tão extremosa amiga.
Eu tenho a quem me socorre, e aflita
Divide também minha dor em seu riso
Seu calor conhece o meu espírito
Funde-se no peito a sombra, o paraíso
Sufoca em si mesma o meu grito
Afaga a dor que me deixa tão contrito
Banha-me com suas lágrimas vivas
Fortalecendo o meu corpo partido
Enlaça-me e através dos seus sentidos
Posso viver aquilo que não é sentido
E, durante o seu abraçar sinto vida
A própria vida dando vida pela outra vida
Obrigado cara amiga...! Obrigado porque o meu coração muito se alegra pelo o teu respirar e pelo teu olhar que sempre fitam meus olhos, deixando-os transparecer por ti, a lua monumental dos teus afagos! Eis que em ti tenho buscado a minha paz e muitas vezes tu se entregar a mim em ouvir os meus apelos, esquecendo do teu tempo e dos teus afazeres! Onde quer que eu esteja, baste que eu chore, tu se encaminha e vem até a mim, também com lágrimas nos olhos e eu já me considero culpado pelas as tuas rugas e tua pele sofrida! Agradeço a ti mulher exemplar, porque o amor que a mim devota é majestoso e belo! Eis que choro nos teus ombros e quantas vezes eu molhei o teu vestido de festa, impedida-a que fosse ao baile! Quantas vezes sujei a tua maquilagem ao contato do meu suor e das minhas lágrima que afrouxaram as pálpebras, e tu, sempre sentada a me acariciar...!
Amo-te pelas as tuas construtivas palavras! Nunca dizes "pare de chorar e sim chore...!" E meus olhos mergulhados no mar te olham com candura serena e doce. "CHORE" E EU CHORAVA! Quase nada falava enquanto eu estava a chorar, mas assim que as forças voltavam e as lágrimas retrocediam dentro de mim, era que se levantava, olhava a minha face, e com um jeito de carinho, as tuas lágrimas começavam...! "Porque chora?" Perguntava eu a ti e aí, era que explodia o gozo de ser teu amigo! "É porque eu tenho que viver as tuas dores para saber como te dirigir e como te olhar e como também te pedir...!" Assim dizia...! E eu, esclarecido pelo o teu falar, começava a contemplar a tua expressão solicita de amparo e prazer! Quão maravilhosa é ser o teu amigo!
E, quando para a sua casa ela retorna, eu já não ouço o bater da porta. A sua essência está aqui! Pernoita no ar que percorre todos os cômodos do meu coração. A porta fecha-se, mas posso senti que ela deixou impregnado em mim, um pouco do seu carinho e amor! Passo meus pensamentos no semblante que aqui dela permanece e espero que amanhã, quando, se por acaso, voltar a chover e me causar danos, eu sei que ela virá! Ela sempre vem com a sua destreza e encanto, onde do seu seio emana o refúgio constante, glacial e belo, de um doce coração de mulher...! “ Eis que em ti meus olhos procuraram o inefável e admirável sabor que foi posto no teu seio caridoso e incomparável...!”
E vi quando ela ultrapassou meus sentidos!
Afagou-me e por um momento eu a vi...
Ultrapassar todos os limites nunca vistos!
Eu senti e vivi imensamente tudo isso...!
E, olhando-a assim que abriu a porta e saiu,
Um anjo que não usava saia ou vestido...!
Uma amiga que compartilhou a minha dor,
Em formas doces e suaves feitos risos...!
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