quinta-feira, 24 de junho de 2010

SONETOS


JOSEPH

Fui fazer uma faxina no meu sótão e dentro de uma

caixa reencontrei caro Joseph os rabiscos de algumas linhas poéticas que escrevera naquele último dia quando veio tomar o meu vinho e trazer notícias de Petrus. A verdade, li e lambisquei ao lado os graves sinais da tua loucura, ficando muito impressionado e com o coração envolto no medo; porque caro Joseph, jamais poderia pensar que em ti assistisse algo que meteste medo ao meu espírito e aos meus olhares de sagacidade benevolente que tenho pela a vida! Sobre os teus sonetos, é verdade que, quando os li, estava eu sã e em minha consciência e depois fui tomar aquele café, como sabes o tamanho desfavorecimento que tem à minha língua pelas as bebidas que faz insinuações a mente criativa, onde se travam lutas reconditamente os sonhos e fantasias, e, pelos os quais, assim tu também bem o sabe como eu quero esquecer e não deixar crescer a erva daninha que me elevou a um estágio de loucura suprema; onde meus olhos só viam aquela imagem, com o seu ardor e o viço dos seus desejos a mostra nos lábios que sempre exercia profundos e profanos ardores na minha imaginação eloqüente da inocente ardência que, amedrontada, se refugiava apenas ao lado contrário do espelho, para não ser visto e também não ser censurado. Ah... Sobre aquele fato que expus quanto a Petrus, parece-me que ele continua a bancar os caprichos da sua eterna paixão. Espero que o dinheiro que ele recebeu como herança possa dar para todo este ano, só assim ele terá mais alguns dias de encanto e amor com aquela mulher. Prepara o teu colo e dinheiro também...!


. SONETOS



Vagueia o torpe, o fantasma nauseabundo...!

Em visões que enlouquece o tácito nume,

Com foice em suas mãos procura o lume,

O fogo impulsivo do agouro do vagabundo...!



Cutelo nas mãos – ai de ti! – Ó desgraçado...!

Sacrílega alma enfurecida do velho cocito,

Ostenta fúrias no teu peito e o teu espírito,

Procura na taça o loquaz veneno açucarado...!



Pasma em furações de afrontas: afins pecados,

Nas sórdidas chamas das tuas etéreas dores,

Na masmorra Lívia onde voam teus vis fados...!



Desentoam dos lábios os cânticos misteriosos,

Sons tiranos de gentis desafinados clamores,

Na caverna adestra fúrias dos deuses irosos!




Assentado no meu velho sólio e fico a fumar,

O meu charuto vaporoso de doces ares;

Onde ela derramou gentis frios amores,

No zéfiro cândido do aroma do meu olhar!



Vociferando o vento a voz d’ outro amante,

Adestra em seu peito a fúria do seu amar:

- Ó amigo por que o fogo do meu adorar,

Ativa no sofrido peito a chama pavorante?



Ó perniciosa...! Ó cruel e tão vil deidade!

Amando como só eu amo neste mundo...

Ficarei chorando no cárcere da piedade!



Não chore, apenas ame o cachimbo abrupto,

O amor é tão vulgar e também vagabundo...

Não se compara à fumaça do meu charuto!




As fúrias pelejam com um vate moribundo,

Nas trevas os faróis do mal cortam os ares,

As foices de uma solidão emitem clamores,

Aqui e neste instante acabar-se-á o mundo!



As aves agoureiras chulas falsas vis frases,

Os Sapos cantam bêbados na vadiagem,

O zéfiro possui aligeiro a pura virgem,

As chagas em suspiros invadem os lares!



Começa aqui a belona férreas dos amores!

Os gritos diletantes das almas imundas!

Nos cerúleos ares voam desejadas dores!



E, forjando o coração a boa guerra estorva,

Em plena luz ígnea do atônico néscio dia,

O amanhã chegará com tédio da vida nova!

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