“A ESTRELA QUE UM DIA CINTILOU...”
(primeira parte)
- Confidências íntimas –
Eis meu afável amigo que outra vez volto a ti à minha admiração e a minha dedicação; isso porque em ti encontro refrigero e paz no meu espírito! Há também em ti uma bela ponte onde tu deixas que eu a cruze e vá buscar nos teus belos jardins alentos e suavidade aos meus olhos que não cansam de fitar, mesmo que agora no seu imaginário, aquela que no céu do meu universo nasceu, e, aprisionou as minhas faculdades, apossou-se e enraizou o seu brilho, e a subvida do seu belo olhar convidativo, cheio de encanto e doçura, paira sobre mim...!
A verdade, extremoso amigo Solrac, eu tenho aqui buscado, assim que anoitece, no céu da minha terra e longínquo das minhas mãos, o calor delirante do primeiro beijo que ainda pulsa nos lábios, causando assim ao coração um imenso bater constante! Inefável não é mais o sabor do primeiro beijo...! E sim, o doce manjar que me é servido quando saudosamente nele penso! Treme-me o caminhar e o afá da sua delícia em cada lágrima que derramo quando meus pensamentos, sensivelmente rebuscam no vento que sopra de um passado que nunca se ausentou do meu presente e certamente do meu futuro que será sempre passado.
Permaneci depois daquele dia, quando a te enviei as minhas súplicas por muito tempo a olhar e buscar com os meus olhos a suavidade eterna que emana da riqueza que se oculta pálida no meu interior! Olhei para o meu firmamento a procura daquela expressão que me encantara assim quando me olhou e deixou escapar os primeiros risos da sua boca perfeita e magistral. Há como Dave saber; em mim, - pois a ti dei a conhecer a sensibilidade do meu espírito e a maestria do meu coração – uma grande espera que a bela estrela que um dia cintilou possa não voltar mais para mim, mas que brilhe com toda a sua amplitude aos olhares humanos que certamente muito embelecerá as suas trevas.
Que inefável gozo ao vê-la!
Diante dos meus olhos a doce estrela!
Tornei-me leve e pude sim flutuar!
Quando me deparei com a sua suavidade;
Meu Deus! Que flor tenra na doce idade!
Onde o mel e odor querem se jogar,
Na visão do mancebo que apaixonado,
Não sabe por qual parte começa admirá-la!
Doce encanto! Um fluxo de cores se forma,
Na visão do artista e do poeta que abismado,
Entrega-se a volúpia de um momento calado,
O que se passa no seu jardim quando a estrela,
Começa os seus pensamentos gotejarem...
Um não sei o quê que se levanta e se derrete,
A uma ilusão celeste nos seios nos remete...
Que Constancia é este doce que os lábios!
Sempre quer deles sorver o seu bálsamo,
E nos fazer sonhar flutuar e lado a lado,
Entregamo-nos ao seu sabor tão sonhado!
Sigo a procura desvelada da sagacidade que fez, naquele dia de outubro, com que os meus sorrisos se elevassem ; criado assim dentro de mim, um facho de luz serena e calma ao meu paladar e ao meu coração! Eis que fui tomado por uma sensação única, onde penetrou pelas às minhas narinas o odor de um incenso mágico e exemplar! Olhei aquela bela paisagem que incendiava a minha imaginação e as minhas loucas criações fantasmagóricas sentimentais. Pulsou nas minhas veias o fogo defronte do meu olhar que, levado pelo os impulsos do meu coração, eis que o seu calor transbordou na minha face o rubor tímido, mas inocente da minha pulsante e cortante admiração que seria suprema e eterna. Caiu-se sobre o abismo do meu calar um silêncio, - isso porque eu lá estava a olhá-la e tecer dentro de mim uma forma onde pudesse abrir a minha boca e sussurrar: “ Como é linda” Mas, dentro de mim, permaneci por vários minutos apenas a olhá-la e ao mesmo tempo, explodia no mundo interno de uma alma, um paraíso, onde antes eu nunca tinha visitado, mas vi e senti o quanto era colossal permanecer na naquela forma de arrebatamento, admirando e descansando naquele belo jardim. “Como é linda...” Que frases as usariam para qualificar uma forma de anjo que antes eu desconhecia? Como poderia meus olhos diante de um ser supremo, fresco aos meus olhos e doce na minha saliva, emiti sons que pudesse despertar-me daquela visão profunda e suave...? Como poderia eu exaltá-la em cânticos harmoniosos a sua beleza e toda a sua essência que o vento roubava de mim, pois naquele momento incidiu sobre mim o espírito do não entendimento e fez com que os lábios não proferissem sábias palavras de alento e profunda exaltação a face que iluminava e transporta o meu admirar a uma súplica silenciosa e atônica da sua dormência...! Como poderia eu arrancar de mim o meu coração e dispô-lo diante dos seus olhos para que ela visse o brilho que emanava das suas palpitações naquele momento não terrenas e sim, de uma galáxia desconhecida do sabor da minha língua...! Mas, diante do reflexo que brotava do seu corpo em mim pude tocá-la e senti nas pontas dos dedos uma sensação intuitiva que percorreu todo o meu corpo, causando assim também na ponta da minha língua um leve ardor, no qual passei sobre os meus lábios o seu sabor e pude sim, por um leve momento, ascender em forma de anjo celestial um vôo alarmante, onde as minhas asas, batendo abruptamente, convidava-me a penetrar através das emoções o glacial mundo que naquele momento começara a despontar dentro do meu ser e diante dos meus olhos...
Puxa, foi tanto ali parada a minha delícia.
Naveguei eu e Ulisses em sonhos e fantasias...
Que belo rosto angelical moça menina...
Mulher que me encantou a minha sina!
Cada olhar teu...! Cada gesto me domina!
E sobre mim teu encanto predomina...
Céus...! Como eu a amo e o coração em chamas:
Chama pelo o teu nome...! Quanta inconstância!
Amar-te e ser privado de pronunciar o teu nome!
Mas sei que pelo menos na realidade ainda vive,
E para a minha vida não é um sonho tão vazio,
Estar nas formas e nas estrelinhas dos meus risos!
Veio até a mim a bela constelação do ardor que pulsava naqueles olhares extasiados. A bela estrela recém-nascida lá no firmamento tinha sobre as suas madeixas um belo arco que ao longe denotam aos meus olhos uma nuvem de algodão, cravejadas de diamantes e safiras, onde através de uma pequena blusa que encobria o seu corpo, pude perceber uma pequena estampa, com um desenho de um campo; onde uma menina recolhia na sua doce ingenuidade os perfumes. Olhei por diversas vezes e levemente, eis que criei uma forma renovada de permanecer com aquela estrela sem ter medo de ser censurado! Imaginei-me ao lado daquela menina que colhias as suas flores e de repente, meus lábios queriam sussurrar, abrir o íntimo do meu ser, colocar diante dela a beleza que explodia naquele momento. Eu queria solRac, amá-la de uma forma nunca vista e nem sentida!Queria meu amigo, mostrar a imagem do meu espírito, transcendendo em todas as suas formas as mais singelas e glaciais belezas que humano não sentiu e nem as expressões daqueles que falam conseguira falar...! Eu queria exaltar a sensação que pulsava e que, prostrado diante de mim, sentia frio e necessidade de se agasalhar. Eu contemplei pela a visão eloqüente do espelho da minha mente a tenra felicidade que permanecia evoluindo dentro da minha alma! E, por um impulso do meu respirar, eu pude sim solrac, naquele momento, presenciar em todo o meu corpo o tamanho do paraíso que corria no meu íntimo. Eu só queria extasiar ali, naquele momento, as ondas imensas do mar que, envolto no meu ser, sacudia a minha alma, é como se quisesse dizer: “- vem viver...” Ah...! Eu chorei e as minhas lágrimas se confederam com os risos internos, isso porque as lágrimas refletiram muito bem o tamanho amor imenso que sobre me se alojou e os risos eram como falassem que aquela estrela já tinha um céu por sua sustentação e um jardim como paraíso...!
Eis que me apego à luz de um candeeiro:
Não tem a luz que tanto emitia a estrela,
E sem rumo sigo a cadência em desespero,
Meu Deus...! Ela foi o meu amor primeiro!
Passo a fio a procurar com meu candeeiro,
Uma réstia no chão do seu suave cheiro...
Os acordes da canção todos eles se perderam,
Em mim só há procura e tantos devaneios...
Já não mais pulsa no meu triste seio,
O sonho que eu tanto ousei buscar primeiro!
Nenhum comentário:
Postar um comentário