quarta-feira, 23 de junho de 2010

Petrus


Caro amigo Petrus...! Lembro-me aquela última noite que pernoitou na minha casa onde passamos quase toda a noite tecendo comentário emaranhado a respeito da imensa dor que tresloucava o teu seio, fazendo assim que os teus sorrisos radiantes de outrora, não mais se fundissem com a alegria do teu coração que sempre acendiam nos teus olhos a radiante estrela suprema e inocente quando a mim se dirigia e contava a tua elegante vida sentimental. Tive conhecimento pelo Joseph que hoje me visita, que o teu estado está lastimável e que andas como um perfeito eremita desvelado. Espero que toda aquela concepção genuína que em ti nunca aflorou esteja agora mais atenta e concreta sobre os preceitos absurdos e inconstantes da vida que pulsa contraria no interior humano. Mandarei pelo Joseph os dois sonetos que me pedistes e espero que o mais breve possível estejamos juntos e aqui na minha casa está ainda a tua espera aquele vinho doce, nunca esqueço quando bebestes e quando abriu os teus lábios, balbuciando de forma bem definida: ”- Doce é o vinho que tomo agora assim como é doce o amor daquela mulher na minha vida...! O vinho está pela metade, isso porque guardei especialmente para ti o que sobrou onde tem ainda as marcas dos teus dedos e queira Deus que ele também continue doce...! O vinho, Petrus...! É claro!


Soneto



As lágrimas molham as pálpebras é essência!

Dos aspérrimos olhos que desejam o fogo,

Em férreas prisões aos supremos deuses rogo,

Que me roube esta vil e funérea existência...!


No sacro fogo divino o que tanto me oprime!

É a sede sedenta de um amor louco indigno!

Nesta fértil vida ao desditoso é sempre digno!

Pagar pelo o seu ato sem praticar o crime...!


Em tênues laços de prisões de agouro desmaio!

Chorar no cárcere deste amor é meu tributo...!

Aferrolhado nos braços macilento da morte caio!


Este mal vindouro só pertence aos desditosos!

Esta deidade de farpões que tanto oculto...!

São o bálsamo cruel que me queimam os olhos!


Soneto



Já procurei na imensa dimensão do universo

Um ser que pudesse enlaçar os meus versos

Mas, em cada rosto e coração: foram diversos

Os vários rostos de um espírito má e adverso


Jurei que encontraria e mergulhei no engano

O disfarce que encobre a ufana mente humana

Aflito esperei a essência que não mais emana

Da imensa riqueza encoberta do seu oceano


E pasmei quando olhei aquela face enrubescida

Vi um coração sendo consumido pela a chama

A batalha do seu eu matando todos os sonhos


Quantos confrontos habitam matando uma vida

Quanto vendaval ali agrupado ainda se inflama

Cegando a visão nos lânguidos olhares tristonhos...

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