Caro amigo Petrus...! Lembro-me aquela última noite que pernoitou na minha casa onde passamos quase toda a noite tecendo comentário emaranhado a respeito da imensa dor que tresloucava o teu seio, fazendo assim que os teus sorrisos radiantes de outrora, não mais se fundissem com a alegria do teu coração que sempre acendiam nos teus olhos a radiante estrela suprema e inocente quando a mim se dirigia e contava a tua elegante vida sentimental. Tive conhecimento pelo Joseph que hoje me visita, que o teu estado está lastimável e que andas como um perfeito eremita desvelado. Espero que toda aquela concepção genuína que em ti nunca aflorou esteja agora mais atenta e concreta sobre os preceitos absurdos e inconstantes da vida que pulsa contraria no interior humano. Mandarei pelo Joseph os dois sonetos que me pedistes e espero que o mais breve possível estejamos juntos e aqui na minha casa está ainda a tua espera aquele vinho doce, nunca esqueço quando bebestes e quando abriu os teus lábios, balbuciando de forma bem definida: ”- Doce é o vinho que tomo agora assim como é doce o amor daquela mulher na minha vida...! O vinho está pela metade, isso porque guardei especialmente para ti o que sobrou onde tem ainda as marcas dos teus dedos e queira Deus que ele também continue doce...! O vinho, Petrus...! É claro!
Soneto
As lágrimas molham as pálpebras é essência!
Dos aspérrimos olhos que desejam o fogo,
Em férreas prisões aos supremos deuses rogo,
Que me roube esta vil e funérea existência...!
No sacro fogo divino o que tanto me oprime!
É a sede sedenta de um amor louco indigno!
Nesta fértil vida ao desditoso é sempre digno!
Pagar pelo o seu ato sem praticar o crime...!
Em tênues laços de prisões de agouro desmaio!
Chorar no cárcere deste amor é meu tributo...!
Aferrolhado nos braços macilento da morte caio!
Este mal vindouro só pertence aos desditosos!
Esta deidade de farpões que tanto oculto...!
São o bálsamo cruel que me queimam os olhos!
Soneto
Já procurei na imensa dimensão do universo
Um ser que pudesse enlaçar os meus versos
Mas, em cada rosto e coração: foram diversos
Os vários rostos de um espírito má e adverso
Jurei que encontraria e mergulhei no engano
O disfarce que encobre a ufana mente humana
Aflito esperei a essência que não mais emana
Da imensa riqueza encoberta do seu oceano
E pasmei quando olhei aquela face enrubescida
Vi um coração sendo consumido pela a chama
A batalha do seu eu matando todos os sonhos
Quantos confrontos habitam matando uma vida
Quanto vendaval ali agrupado ainda se inflama
Cegando a visão nos lânguidos olhares tristonhos...
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