quarta-feira, 3 de março de 2010

Confidência de uma dor


Eis que começa a despontar, no azul dos meus sentimentos uma loquaz e viva esperança...! Uma fina camada,apesar de ser constituído por lembranças dolorosas, começa a brotar em mim...!Eis que procuro uma suave fonte. Uma fonte onde eu possa repousar, beber das águas que jorram do seu seio, e sobre as suas pedras, poder saborear o doce cândido de um sol que me aquece...! Tenho sede de olhar-te, ó fonte sublime...! Saciar em ti os meus desejos mais recônditos...! Elevar-me a grandiosidade da tua beleza...! Erguer-me ao doce frescor dos teus sussurros...! ouvirei o silêncio, até quando uma folha se solta dos seus galhos, sentirei nos meus ouvidos seu pedido de socorro...! Ah, fonte doce e cheia de encanto...! Mergulharei em tuas águas magistrais, e sobre o brilho transparente da tua nitidez me verei, como fosse tu um espelho, e meu reflexo, será como se fosse uma espuma flutuante, navegando nas tuas límpidas águas cristalinas...! Navegarei imensamente, cortando tantos jardins que em tuas margens moram e habitam...! Ousarei conhecer lugares celestiais, onde a minha imaginação não teve a ousadia de penetrar e nem sentir...! Buscarei em ti, ó fonte celestial...! O teu doce áfavel e absoluto...! Aprenderei contigo como transpirar a essência que exalas as tuas abundantes claras águas...! Ah, minha cara...! Tenho sede de permanecer envolto, como uma mariposa em seu clausulo, envolvido em teias pegajosas e úmidas...! Tenho que rebuscar, sentar-me diante do meu espelho, refletir sobre o temporal, o violento redemoinho que em mim se forma...! Meditarei, e como um dia te disse, que chegaria o dia em que eu certamente fugiria, sobre o dorso de um arado cavalo,a galope contra o vento, a rebuscar o que dentro de mim foi pisoteado...! Rebuscar o que já não mais existe para mim, a tal de esperança...! Olharei a porta da minha fantasia,e perceberei que por alguns momento permanecerá viva e suave, mas já não há também a ténue lâmpada que iluminava a minha face...!Já não há, grudado nos meus sentimentos a vontade de estabelecer, no meu âmago, o prazer, a beleza, o amor e certamente a luta pela minha existência...! Morre-se, assim também como se vive, só que na morte, não há mais sonhos a serem construídos, na vida, há sim, pelo menos a esperança e o sonho de ainda ser feliz...! Mas não se pode matar uma alma ressuscitada...! Ah, minha cara...! Se a grandiosidade da minha alma se encontrasse recém formada, certamente eu sobrevivia...! Se a minha alma ainda pudesse respirar um pouco do ar que tu exalas...! Se a minha alma pudesse sonhar, se tivesse uma opaca e lúgubre esperança, eu me agarraria em suas asas, tentaria impedir que ela lançasse seu voo magistral, assim sendo, ela não fugiria de mim, e nem tampouco me abandonaria...! Mas chega-se um tempo, que não há mais flores e nem frutos nas árvores...! Não há mais doçura no mel que foi colhido, como também os raios do sol não refletem e nem chove mais sobre a terra seca...! Tenho que observar o pôr do sol, dirigi-me a ele, tentar aclamar pelos seus raios, quem sabe, pode ele me atender e voltar a alegria no meu paraíso...! Mas tenho que fugir, minha cara...! Deitar-me sobre a relva, fechar as minhas pálpebras,e num silêncio absoluto, tentar criar em meus pensamentos, pelo menos isso, um atrativo que ainda possa fascinar e dominar meus olhos...! Que possa este atrativo, enlevar e ondular a pouca e sofrida beleza que ainda hesiste em habitar...! Como eram doces e suaves a minha ingenuidade e mocidade...! Como fluía em mim, quando a sós, olhava um céu misterioso e cheios de astros e planetas...! Como muitas vezes tentei lançar as minhas mãos, na tentativa de colher estrelas, e tu queres saber um dos meus segredos...! A ti direi: Eu muitas vezes conseguia, na minha inocência, colher estrelas, e sempre as guardava no fundo do meu coração...! Mas já não mora em mim. já não habita em mim, a criança que um dia fui...! E tu, sim...! Agradeço a ti e a tua candura, pois os teus ouvidos foram dirigidos aos meus clamores...! Os teus ouvidos, aguçaram de uma maneira sobrenatural aos meus gemidos ásperos e tristes...! Agradeço a ti, aos teus olhares, que no piores momentos que vivi, eles, na sua meiguice, acho eu, também soltaram gotículas de lágrimas, cujas lágrimas, fecundou em mim, aos meus olhos, uma imensa consideração por ti...! Mas tenho que permanecer calado, minha amiga...! Tenho que calar-me diante as circustâncias...! Eu sou, um dia eu te disse: 'solitário e triste". Assim quero, e assim é preciso que se faça, para tentar recuperar o homem que um dia morou em mim...! Não te aflijas e nem entristeça o teu coração...! Não sei por quanto tempo permanecerei oculto, escondendo-me até de mim mesmo, mas te digo minha cara...! Certamente quando a dor voltar e eu me sentir só, certamente a ti escreverei e terei o prazer da tua doce e exemplar companhia...!

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