domingo, 10 de outubro de 2010

A MÃE

                                                                     A MÃE
                                                                     SELMA


                                                       
        "A ti, ó belo canto harmonioso! Ó suave incenso do oriente! O teu odor se eleva e vem às minhas narinas! Sinto o teu perfume e o meu coração morre extasiado pela a saudade! Ó profunda mulher e mãe da minha geração!  Aquela que fecundou nas suas entranhas quatro lindos varões e uma mulher! Eu te elevo e faço cair a chuva na minha face para embelezar a visão do meu amor por ti! Ó dádiva soberana e doce! A tua formosura estar ainda na tua casa, porque, quando tu partistes, deixastes o teu perfume no teu lar, e ele, o perfume, sempre vagueia, despertando-se assim, quando estamos à mesa juntos, relembrando da tua face e dos teus modos, no imaginário do poeta filho, cuja inspiração ascendeu e habitou nele por tua causa, eis que o fogo visionário nos tocam e somos tomados por uma festiva, ardente e nostálgico pensar da tua ausência! Façamos silêncio e deixamos que as nossas narinas procurem sentir a tua essência e o teu calor que nos visita e se assenta no nosso meio...!"
Até quando a tua espada cortará a minha alma?
No teu castelo, já me nega o seu refúgio!
O teu ferreiro a teu pedido moldou uma cruz!
E coloca-a no meu coração, privando-me da luz!
 


Não te esqueço, quando os teus olhos
Percorria a minha face de menino e os teus dedos
tocavam com a suavidade a minha pele ingénua e tu, doce Selma! Como me fazias ri, explodindo assim em gozo, o meu primeiro olhar de amor sublime por uma mulher! Senti que naquele momento, eis que o meu coração se abriu e disse: - "É AMOR...!" Sim! E foi! Porque, quando tu me olhou, deitando sobre mim o teu olhar de mãe, eu pude compreender que o vazio já não mais existia mais e, que dentro de mim, começou a brotar os primeiros ramos de oliveiras, dos quais, mais tarde os arranquei e fiz com eles, a comemoração da tua grandeza e profundeza jamais vista! Usei-as como sobra para afugentar a secura do teu labor e também em elevação do conhecimento supremo da tua existência e acima de tudo, a de mãe, porque, o meu corpo não cansa de arder quando, mesmo subtilmente, relembro o que foi e o que fez tu na minha vida! Sempre me aninhava ao teu corpo, dando a segurança onde, jamais poderia eu encontrar em outro corpo feminino, porque em ti, existia a fortaleza e o refúgio de onde eu só saia com a tua permissão...
     Eu vi correr entre os teus lábios o prazer de uma mulher! Eu pude parar, olhar-te e através da minha mente imaginária pude também penetrar no teu coração e de lá, tocar e senti que tu, estava dento de mim, mas do que eu dentro de ti, isso porque, sempre se preocupava quando eu saia com os amigos e a demora era constante! Quantas vezes permanecia sem dormir a minha espera! - "Filho, não chegue tarde...! Sim! Assim dizias porque o teu cuidado se fazia exemplar e hoje sinto a saudade da tua preocupação! A saudade dos teus mimos e afagos! A saudade de chegar do meu serviço e saber que a minha bela encantada senhora estava a minha espera, como se fosse a minha namorada, mas era...! E, com um beijo, j´a exposto nos teus lábios e me recebia, e eu...! Olhava-te e me perguntava que tipo de nardo era aquele, suave e doce e a marca do teu beijo permanecia até o dia seguinte quando, sempre se renovava, como as flores do campo em sua estação! E o teu beijo era como se fosse um tipo de marca,  onde o teu selo se expandia e se traduzia assim: "EU TE AMO".



     Fostes o meu primeiro deleito e grande amor! Fizestes acalentar a minha ansiedade e com os teus bons conselhos me tornei o homem a quem tanto ansiava a tua alma! Plantou em mim o descanso dos teus olhos e a tua paciência exata e doce! Instruiu-me a arrancar dos sentimentos a promissora e sustentável riqueza de um coração! Ornou-me com as tuas lágrimas de bálsamo, onde sempre arrancava os teus suspiros! Criastes-me ensinando o bom comportamento da beleza humana! Como eram admiráveis os teus conselhos e soberana a tua beleza! Destes-me os teus seios e deles tirei o meu sustento e o meu respirar! Aninhou grudado ao teu corpo a tua própria carne, quando sempre me subiam as tristezas e as dores! Vistes-me e acompanhou todo o meu crescimento e, quando em mim se abateu um terrível mal, fostes tu que levantou um clamor e fez a tua promessa para que eu voltasse novamente pulsar a vida em mim! Acalentou os meus anseios e por muitas vezes me sustentava no teu frágil colo e jogava com a tua língua o teu mel! Devo e tenho a necessidade de penetrar no silêncio a arrancar as tuas boas lembranças! Com cai a chuva em mim! Como faz trovão e tempestade!



     Lágrimas e chuvas! Assim foi naquele sórdido dia onde houve a profanação, a violência do tombamento de duas almas: uma morreu e para sempre não retornará! A outra, revestido agora com o ígneo fogo do rompimento do seu trânsito progressivo de um mundo para um outro mundo, onde se denota a sua promiscuidade, não da carne, e sim, dos aspectros daqueles que se autodenominam humanos! E as suas arrogâncias total! Eu bem quisera que naquele dia, quando te vi inerte no involucro, arrancar a minha própria vida e plantar no teu espírito novamente! Eu quisera levantar dentro de mim um belo manancial, onde a tua vida ressuscitaria e novamente voltasse a sorrir! Tenho que cantar e exaltar a plantaforma dos teus pés e o teu olhar!
     Tu brincava com a tua ingenuidade! Para me arrancar um sorriso não media esforços e sempre me levava a doces risos, porque, sabia como penetrar dentro da minha alma e buscar em mim o teu encanto e a tua doce fantasia!
     Lembras do batom? Um dia te comprei um porque eu queria que usasse nos teus finos lábios delicados e tu, não gostava daqueles tubinhos de cera! Um dia te trouxe um e a ti ofertei! Lembro-me que o pegou, destampou-o, era de morango o seu sabor, porque tu amava comer morangos! Olhou-me com o batom na mão e disse: - " Não poderei usá-lo porque ele vai me roubar o gosto da tua pele e eu preciso todos os dias sentir o teu sal porque assim sei que emana a minha delícia preferida" Era o sal mãe? Eu era o sal da tua existência que sentias quando me beijava? E a minha cor tu a formava quando fechava os teus olhos...! Sus e Eia" Como naquele dia eu morri de ri...! Foram tantos os risos! E o batom ainda estar intacto no teu quarto! Ele não teve o prazer de conhecer a doçura dos teus lábios e o encanto da tua saliva! Puxa batom! Que pena que por ti não passou o mais cândido e genuíno dos lábios!
     Cantarei a ti, ó doce pomba forasteira! Eis que me abrigo na tua cândida lembrança e dela retiro o mel e sabedoria que correm nos meus lábios, adoçando assim a dor que ainda tenta se erguer e fazer a sua morada! Sustento diante dos meus olhos os teus enlevos !
Tu não me permitiria que eu trocasse naquele dia a minha vida pela tua!
E tu se foi! Foi-se como vão os amores dos corações! Foi-te como se vai, ao vento, o perfume que vagueia e aos pouco se esvai! Foi-te, é verdade! Mas deixastes a tua herança e ela viverá até o cair do meu semblante e a morte do meu espírito! Foi-te, mas em mim ficou os teus bens e por muito tempo os levarei porque, enquanto eu estiver com vida e o meu coração bater e pulsar eu vou te buscar! Vou te buscar nas lembranças da tua existência e no ardor do teu cheiro que estar impregnado em toda a casa e, as tuas plantas sentem saudade e retiram do ar o teu odor para sustentar a a criação do teu néctar! Teus filhos e o teu esposo ainda vivem e acima de tudo, a nossa grande admiração pelo o teu enorme coração de mulher diva e soberana, explodem na face da tua prole, quando cada olhar dos filhos se cruzam um com o outro...!



Dormes! Eu também aqui durmo...
Teu sono é profundo e dolorido!
O meu vem sempre revestido...
Do roçar em mim do teu vestido!









Faz-se um ano que fostes para nunca mais voltar...



Trilhou os teus pés na árdua vida e no teu ansiar...


Feristes os teus pés e nas pedras os vi sangrar...
Foste tu, Ó mãe! Que me ensinou como amar...!


Não levastes o perfume que um dia eu te ofertei!
Agora eu o procuro para minha sede se fartar!
Porque, assentindo-lhe o seu odor, o fino cheiro,
É suave e doce como foi o teu doce breve olhar!


Derramo em mim cada gota desta tua essência!
Lembro? - Filho, podes o meu bom perfume usar!
Não desperdício nenhuma gota na minha pele!
Assim um novo odor o meu corpo vai transpirar!


Fostes e um vazio permanece ainda no meu olhar!
Como tenho anseios! Oh! Deixai-me ainda tocar!
O teu sonho que me cerca e não cansa de rodear!
Em mim o teu cheiro impregnado vai se encrustar!







Teus olhos eram duas pérolas brilhosas...
O luzir deles eram como se fosse ouro...
Tinha no coração o teu maior tesouro...
Suave perfume maior do que os das rosas...
Teu hálito era o nardo e mirra preciosos...
Incensos variados de escolhidos gostos...
Os sons da tua boca eram leves gostosos...
Acordes perfeitos que saiam harmoniosos...
A tua doce face era uma estrela luminosa...
Olhava-me de forma dengosa e carinhosa...
Era uma mãe meiga e suave, dócil e extremosa...
Desconhecia no bosque a perfeita e linda rosa...
Ela estava plantada em mim na sua forma ditosa...






Carlos Alberto:
 Neste domingo, 10 de Outubro de 2010. Foi postado exatamente às 18:28. Muito me alegrei, porque, durante todo o dia, eu permaneci com a tua candura e doçura e pude,  mesmo só, fazer das tuas lembranças um cálice de alegria, por saber que viveu e que por mim se doou, dando a tua vida, e esta, que a mim foi entregue por ti, ficará eternamente cravada no meu coração! TE AMO...!
O tempo se fecha! As nuvens estão pesadas e aqui começam a cair os primeiros respingos de um temporal que se aproxima! Tomara a Deus que este vendaval possa deixar que esta noite eu adormeça, sem me causar o medo dos seus trovões e raios que agora são constantes no céu e dentro de mim...!






































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