domingo, 4 de março de 2012

POEMAS AVULSOS

ESCAPISMO
 Eu estou de mudança
                    S
Cada vez que sorvo o ar angelical do abrir do dia, eis que deixo entrever nos meus lábios, a luz do nascer do meu novo espírito... Com o seu expressivo céu azul... Tingindo pelas as maravilhas dos perfumes delicados que se expandem pelas as minhas narinas. Inexcedível doçura é o nascimento das afeições dos meus olhares e o meu escapismo é olhar a flor de atitudes inusitadas, que abrem e fecham suas pétalas, como se me convidasse: “Ouças-me e faça subir o meu cheiro em ti...”

Estou de mudança para o trânsito de um espírito
mais denso em
suavidade. A canção  sempre me acompanhará,

porque ela me lembra 

quando o humano me
chamava e eu sempre me escondia e chorava. As

reflexões serão postas em um novo

período da minha
existência. Eis que mudo e uma nova aurora

despontará! Quem sabe,
mais perto dos amigos, eles não me convidarão a

beber do seu vinho e falar mal das suas mulheres!
Enquanto isso, arrumo aqui o desmantelado

coração solitário. Eia! Que
sejam fecundos os zéfiros da nova cidade! E

quanto a ti, ó doce
Brazlândia! Quantas vezes me vistes chorar!

Quantas vezes recolhestes
as minhas lágrimas! Ah! Sempre te amarei, ó

cidade do meu
crescimento! Simplesmente, Adeus! Mas sempre te

visitarei quando
surgir às primeiras gotículas de lágrimas na minha

face... Afinal... É no
teu solo que dorme o meu maior tesouro... A

pérola da minha vida que
foi extorquida abruptamente e com ela também

repousa uma parte de mim!

Ó mãe Selma!As nódoas de lágrimas nunca se

extinguirão,

porque... Elas têm o teu doce e cheiro.

MORREU COM ELA 
Morreu com ela a esperança da minha vida
O gênio do poeta. A lírica aérea.
Oh! Deus! Deixai desfolhar da poesia,
A meiguice dos olhos pálidos divino dela!
Ardente sabor eu vejo a graça nela
Nos meus tortuosos dias sempre a vejo
Bem perto, encostado ao seio dela
Um príncipe da cor do sórdido pejo!
Morrem comigo as cores dos sonhos belos.
Amanhã... Amanhã ao som da lira fúnebre!
Virão aos meus dilatados olhos cegos,
O prazer de sentir os momentos eternos…
A dor! A dor me consola! É remédio?
As lembranças doloridas dos olhos dela?
Amanhã... Amanhã para o meu grande tédio,
Virá com ele, juntos! Oh, Deus! É ela! É ela!
Choro nesta vida e no fadário singelo
Meu dolorido coração já não vê o belo
Por que seu perfume ele roubou dela
Agora sussurra sempre e vive a sonhar com ela.
                  
DEIXE-O IR
Deixe-o ir para o Spleen do cemitério
Deixe-o fumar seus charutos e beber o seu vinho
Não negue ao poeta o seu maior adultério
Deixe-o que siga só no tortuoso caminho…
Deixei-o ir à masmorra dos que estão mortos
Não lhe negue o beijo e seu doce desgosto
Mostrai os sulcos do seu rosto torto
Deixei-o seguir avante, deixe-o de coma!
Mostrai onde ele deverá repousar o seu corpo
Levai-o ao cemitério mais próximo
Dê-lhe do liquido que bebeu a divina morte
Levai o seu cadáver para a terra que chora
Deixo-o partir, pois a alvorada o adora...
Ensinai o caminho para seu coração que se apavora
Deixai-o junto dos que sorrindo dormem…
Nas catacumbas que os orvalhos molham
Fechai a tumba! Oh! Adeus triste poeta!
Ninguém denotará porque tanto chora!
Adeus, ó cantador! Eis que se abre a porta,
Do fogo do amor que no teu seio aporta!
Abriu...Saiu...Ó poeta não vais embora! 
                    
É ELA A FLOR
É ela! – sussurrei ao vento. É ela a flor!
A doce pétala meiga da rosa perdida
É ela! – A cândida estrela da minha vida 
A que vai fazer o meu coração bater por amor 
Que bela virgem! Que filha doce da Santa Maria! 
A que trará alegrias ao coração aflito
Não mais chorarei as margens do Cocito
É ela o aligeiro sonho que estava perdido!
Oh! Acordo é apenas um sonho meu entristecido 
Seu rosto doce, suado, quis Deus
Que fosse um simples adeus
Vivo privado do fogo ardente do meu peito!
Meus olhos refletem os teus! 

                     
 PRESSÁGIOS LÍRICOS

A ave chulas frases…
Pousou na minha cama a
ave afeia infernal.
Tinha olhos grandes. Fitava meu rosto mortal.
- Sois de Põe? – Perguntei – É irmã do nunca mais? Vens dos tempos passados? Dos ancestrais? O que fazes aqui? - Ela sussurrou sorrindo:
- “Creias em mim, ó mortal! Creias no imenso!”
- Oh! Não entendi... - retruquei – O que queres dizer com o imenso? E a ave cega de odeio me fitava. Seu negro corpo em fogo se transformava e assim falou:
- “Venho da divina comédia... Dos sonhos dos que amam o Spleen, e sou o anjo Carionte! Creias em mim, ó mortal! Creias no imenso! O
Imenso daquele que é gente!
E achas que aquilo que sente
são germinações da boa semente!
- Gente! Imenso! – Arquejei – Crer em ti, ó soberba! É pasmar na eloquência! É que na adestra fúria o lúgubre coração canta! Regozijo da pasma e vil angústia que ele derrama! Forjo nos púrpuros dias os clamores, ó minha santa sacrílega, que nos céleres ares o foice corta! Adestra coração! Adestra ufano o farpão da morte! Aligeiro mergulho no Late, ó deusa Vênus sagrada! Malditas hórridas vozes atroavam com falsas chulas frases! O ledo amor mavioso adeja meu sórdido coração! Banhando no ensanguentado rio da amargura! A densa lavra de cumpridas asas afias triste chora! Logrando dulcíssimos suspiros nas boninas flores! No sólio do ínclito o vate sente aeras dores!
Forja coração no peito o amor!
Onde ruflam as asas e estoura o tédio da amargura! As narinas enviam os ares ao coração da formosura!
Mugindo as suas rochas em furações vozes a ave canta!
Quem é ela? Apaixonada! Talvez cópia do infiel letal engano!
A maldita chama afável do jogo do abandono!
É o amor assim? Que no seio acende e apaga a chama?
E da sua Belona, onde do seu pasmar, o coração não cansa!
Adejam os farpões as lágrimas que vertem os néscios! Amores no peito e corações em danos!
E tu ave agoureira em férreas dores me abrasas! Não sou eu o mais perfeito cadáver da tua sepultura? Sou raça! Apedrejas-me antes da minha hora! Mata a cega alma que raivosa lágrimas derramam! Ó sepultura! A mãe que no seu seio o condenado réprobo repousa!
Na lousa...
Na nostalgia...
Corta os ciprestes que cobre o túmulo... O  que verás? A volúpia dos lábios que uivam nas trevas pedidos! Acorda coração e respira o ar de dor e da vida! Acorda, suspira e chora!
Nas solidões...
Das concepções...
E tu, ó ave amarelada com o ouro profano! Cucurbitácea de golfões de sórdidas frases!
Cobras-me!
Pois o teu quinhão são minhas lágrimas!
Ave agoureira!
Tua fronteira não sou eu!
São os que se perdem...
No êxtase do prazer...
A carne voluptuosa...
Não conheço o seu ardor... Apenas sonho com ela, pois sou humano!
E sou eu que apascento o meu desejo no seu curral de cheiro!
E a cordeirinha me olha... Enamora-se...
Atiça-me, chama e chora!
Eu sempre digo: te segura, pois chego agora! 
E lá nunca retorno! E o suor bate na minha boca e fala: " vá lá moço experimentar do meu doce.." 
Uivou a ave irosa:
-“ó mortal! Ó sólio da agonia! Ainda és criatura e não filho do Altíssimo, portanto, tenho em ti poderes! És tufões de gentis dores que na carne voam...Apedreja os cadáveres que nas lousas dormem! Na cadeia asperíssima a tua língua soa! Funestos hálitos de atrozes sons que queimam! A tua iniqua vida e tua perdida entranhas!
Estranha...
De carnes oferecidas...
Sangues unidos pelos os ásperos beijos...
Assim falo:
Oh! Eu pasmo nas febres cingidas pelos os tropéis das paixões... Eu não beijo e os meus lábios são acessos ingênuos...
Embalde grito para aferrolhar mais ainda o meu coração.
    Na solidão...
De lama...
De lavra...
Sou também fúria que o zéfiro sopra.
Sou nódoa..
 Da avareza... 
Vileza...
E tu, ó ave! Quem tu és? A amargura?
O tédio?
Respondeu-me ela?
- “Sou pungente”! O alicerce dos teus tributos escondidos! Dos olhos que te fitam... E te acham o santo!
Santo caído...
Santo profano...
Ó mortal inquieto...
 
Eu rogo!
Creias em mim, ó mortal! Creia no imenso!
Das asas...
     Das noites eloquentes...
             Dos teus pecados...
Creia em mim, mortal, porque, transformado sou, mas nunca deixei de ser gente... O fogo da minha pele é o mesmo que em ti também ascende e acende!
Mortal! Roças-me e me ilumina! Sou oferenda do prazer do teu ser.. Ó mortal crendo em mim subirá com um leve perfume do teu incêndio para o meu céu!

Ah! Ave profana!
Tu me olhas... Rondas-me...Provocas-me...
Levanto-me abro a minha porta e saio.
Vou ouvir a delícia da minha infancia nos acordes que traço.

Ufa! Edu, voltarei para a minha bateria e suas batidas incessantes e eloquentes... Moço, foi lançado o convite... Fechamos os olhos e vamos dormir nas proporções sustendidas dos nossos abalos. Vens comigo?

Carlos Alberto
                             Albertoesolrac
silêncioelágrimas


Um comentário:

  1. Amigo, bela canção sobre a mudança, apesar de um tanto triste, um tanto nostálgica...mas é isso mesmo que causa a princípio.Quanto à composição textual, digna de um excelente poeta!
    Luz e bênção!

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