segunda-feira, 1 de maio de 2017

OBRAS-VIVAS






OBRAS-VIVAS
NOTURNOS TÉDIOS 
das dores desvairadas que se entregam desleixadas a um GRANDE mal secreto, e que espuma embriagado as pictóricas paisagens de misérias, e que são acolhidas pelas as falsidades humanas nas praças de penúrias das suas falsidades.


 O místico 
torturado de um romântico que no seu panteísmo se embriaga com o pífio vazio da sua semelhante carne, dilapidando a si mesmo como escape da sua utopia, atormentada e dilacerada alma que tonta e na enseada branca do mal uiva debaixo de um outeiro, e entre pedras e areias, e tendo como confidente a grande solidão presente.      
            

Diluído o meu eu
alheio, e bem na chuva de um som lânguido, e ainda dentro de uma rua seminua a olhar o ente que não se esquece do seu padecer.

 Vagarosa magia 
que se atrela tão triste e anônima as sequelas do âmago pelo o indistinto passeio que se faz por dentro do ser.

E como doí minha cabeça!

Indômito e louco 
a raiva sem fim e tudo que há dentro de mim rasga o pulso teimoso dos olhares que se entreolham cheios de areias.

 E tomados de folhas
 secas a volverem seus pensamentos no turvo abismo que alardeia a sua consciência ardente.
- Estou cego?

Porque me arranca 
o chão da existência a matéria, e o seu fóssil cria caos que se dissolvem profundos e imundos nos ares da razão sem solução, e o pobre coração tomba inerte nesta nova era!

- E quem é você que me rodeia?

APENAS SOU:

A luz de inverno
 dentro de um fósforo aceso que incendeia a candeia da esperança, e que não sossega o seu bulício que entornam os sonhos no seu azeite, E QUE TENTAM EXCLUIR AS MINHAS MÚSICAS com suas representações cheias de encantos. A fervilharem misteriosas as dimensões dos acenos cândidos dos abraços miscigenados dos perfumes que incendeiam as entidades das vibrações que contêm todos os seus deliciosos beijos.
Meu coração tem
 grandes feridas, e bem onde nas suas fendas o seu salvo-conduto são as lágrimas que se escancaram nas correntes das dores, alargando a distância da felicidade que separa a paz.

 Porque irracional
 e contraditório foi à imitação vulgar que fizeram com os movimentos da minha língua, acrescentando-lhe arrasto e rodopios que não foram nascidos da santidade, e sim, das tragédias insensatas e falsas, mas tão bem calhadas das censuras dentro das muralhas dos seus grandes desejos perdidos.

Os soluços que
 avessa à alma, e que na exposição mística do seu clamor desatina sobre o linho onde as citações de um coração se molha em lágrimas, e como doí as rupturas do sangue a correr em outras veias, mas do mesmo nome!

- Socorro! 
Trago-o no meu coração agora a inefabilidade, e que fora doado pela à divisibilidade da carne-e-sangue!
Eu durmo e acordo.

Quieto eu amanheço a olhar o teto
Súbito silêncio a molhar meu peito
Estridente vazio me prende no leito
Das minhas dores sou o arquiteto

Soando selvagem ecoa a fala
Som fugidio que não aquieta
Mal que no coração se instala

Que voz é essa que não se cala?

Súbito sono invade as pálpebras
Sinal estranho a articular sem nome
Agonizante e lentamente me mata

E olho e depois saio à rua
Uma nauseabundo Mulher
a mim se insinua
A pairar na minha frente totalmente
 Nua.
É sublime!
 É sublime o secreto espaço íntimo que recôndito agita os coloridos das Obras-Vivas, e que traça a graça tocada pela a sublimação desembaçada dos olhos verdes que se viram esbulhados cheios de tantas belezas, E QUE solitários enquadra a poética no seu visionário, e onde na sua geometria se guarda as mágoas desvairadas.
 
A consequência
 do meu abrigo é o devaneio que sinto na síntese da memória que se arrasta na velha locução do seu imemorial refúgio, e onde as suas lembranças fixam apenas as tonalidades em brilhos, e que, opacas no seu dia-a-dia, as ordens das luzes do seu fogo se tornam apenas faíscas, e que pouco clareiam o aposento do seu descanso.

E assim EU tombo em todas as suas
 OBRAS-VIVAS!


Carlos Alberto
albertoesolrac
silêncioelágrimas


Brasília, 01/05/2017

20:08